Historias nossas na Diáspora
Há muitos anos –dezenas -o “ H “ fez por me encontrar no Café Gaivota na antiga Ribeira de Peniche de boas recordações .
- Boa tarde Sr. Manuel -eu não o conhecia mas ele sabia o meu nome – eu sou sobrinho do “J “ que esta’ consigo em Vancouver Canada .
Para continuarmos a conversação disse-lhe :
Diga-me por favor o seu primeiro nome para assim podermos continuar a nossa conversa .
- Eu Chamo-me “H. P. “ e sou sobrinho do seu Amigo e filho de Peniche . “J” . Fiz umas economias e agora dentro em breve penso estar em Vancouver para visitar a Família e conhecer um pouco essa linda cidade no Canada que me dizem ser lindíssima.
Um pouco admirado com uma aproximação tão rápida fiquei uns segundos olhando para ele e rapidamente verifiquei que falava exercitada mente dando a conhecer que estava disposto a começar essa sua primeira aventura assim que a ocasião se proporcionasse .
Tentando saber um pouco mais o fim dessas expendiosas ferias indaguei :
Então o Sr. esta’ a trabalhar aqui em Peniche ? . Vive cá’ ? .
-Sim trabalho e vivo em Peniche nunca sai daqui e virando-se ligeiramente , apontando com um dedo disse-me , trabalho naquele Café …. Foi um prazer conhece-lo e certamente iremos voltar a ver nos em Vancouver e agradecia se me poder dar o numero do seu telefone para se assim o desejar, nos encontrarmos e tomarmos uns refrescos .
Acedi amavelmente e dentro de alguns minutos já pude ver o “ H “ servindo os clientes que se aproximavam do seu posto de trabalho .
Nesse dia foi para mim uma surpresa – nunca pensei ser tão rápida – quando cheguei a casa depois de um dia de trabalho que alguém que a minha Genoveva não conhecia , me dizia que se encontrava no aeroporto de Vancouver e me pedia se possível o fosse buscar para fazer uma surpresa aos seus familiares . Disse que era sobrinho do “j “ e o mistério para mim tinha acabado como por magia .
Já de volta para casa apresentou-me o seu plano aonde me pedia que o levasse a casa dos seu familiares para que eles tivessem uma agradável surpresa .
Disse-lhe que o seu tio não se encontraria em casa pois era ainda um pouco cedo e disse-lhe que em breve o levaria lá’.
_ Eu achava que se o Sr. Manuel me deixasse num café’ perto da residência , eu esperaria e depois quando ver que e’ conveniente partiremos.
Perguntei-lhe se não queria comer alguma coisa , ele me respondeu que não tinha apetite , bebia um café e esperaria calmamente por mim.
Cerca de uma hora depois estávamos a’ porta e enquanto eu batia em frente da porta o “H” escondia-se na outra meia porta para que a surpresa fosse completa . Assim se deu o primeiro encontro que fiquei logo com a impressão que algo não estava a correr bem pois a recepção foi muito fria .
Despedi-me formalmente em poucos minutos e só’ depois de uma semana sem ninguém me dizer nada enchi-me de coragem e liguei-lhes o telefone.
Atendeu o telefonema sua tia que muito cortês me começou a dizer que não esperava por esta visita pois ele vinha ilegal e com ideias de cá ficar ,que não sabia como isto ia acabar.
Em três meses “H”não saiu de casa tinham medo que a policia da imigração o apanhasse .
Uma noite o meu filho Victor arranjou mesmo sem papeis trabalho por algumas noites foi de dia dizer e foi-o buscar . No outro dia os tios disseram para ele abandonar a casa ,andou três dias ao Deus dará .consegui-o encontrar e ele contou-me a historia . Contactei um amigo e ele alugou um quarto para ele viver . Paguei o primeiro mês e
combinei com o meu Amigo se ele não pagasse eu tomava a responsabilidade pelo pagamento .
Poucos dias depois recebo um telefonema do hospital , disseram-me que ele estava no hospital e precisava de ajuda .Fui encontra-lo numa maca num corredor da sala de emergência. Consegui negociar com o hospital o pagamento da sua estadia Voltou para o quarto em que residia e mais uma vez recaiu e voltou para o Hospital de emergência . Era passivo e não complicava muito a sua já terrível situação de saúde .
Entretanto agarrei—me aos meus Amigos canadianos e as situações foram-se resolvendo. Falava com ele lembrando-lhe que ele deveria voltar para Portugal que eu prometia-lhe que o ajudaria a legalizar os seu documentos mas precisava de entrar a tratar da sua documentação Uma madrugada apareceu batendo com toda a sua forca na porta conseguindo assim acordar a vizinhança de quase o quarteirão de moradias .
Meti-o dentro de casa e um a um fui pedir desculpa a’ minha vizinhança do que se estava a passar que não chamassem a policia dizendo eu que o que se estava a passar não era um caso de Policia mas sim de saúde mental controlada “ o Leonardo “quando e’ preciso não tem vergonha de pedir desculpa tanto a miúdos como a graúdos quando tenta ajuda de todas as maneiras para o próximo de si , ou ate’ noutros lugares do Mundo a dezenas de milhares de milhas de Vancouver
Conversando com ele já com mais calma fiquei a saber que lhe tinha aparecido novamente Nossa Senhora e que o galo imponente que todas as noites ia cantar a sua cabeceira nessa noite não o tinha deixado dormir .
Fiz- notar que Nossa Senhora lhe aparecia tantas vezes porque ele merecia e que continuasse a merecer , nunca desagradando a Ela pois Ela estaria sempre a seu lado
Um dia tinha chegado a casa a’ alguns minutos quando muito acelerado me entrou o “H’ portas dentro e me disse :
- Senhor Manuel vou –me casar com uma enfermeira do hospital !!! …. ela diz que quer casar comigo e eu quero ir a Portugal quanto mais depressa melhor pois preciso de tratar dos papeis quanto mais depressa melhor ,,,, repetia-me diversas vezes .
Estás disposto a ir já’ amanha para Portugal ?
- Sim eu tenho o meu bilhete e gostaria de ir a uma agencia de viagens para tratar da viagem …..
Eu que tanto pedia ao meu Deus que desse uma resolução pacifica a este tão grave problema , com a ajuda de Sua Mãe o Milagre apareceu !!!!.
Como ainda nem sequer me tinha lavado como de costume costumava fazer disse ao meu Victor que fosse imediatamente a agencia portuguesa para marcarem passagem o mais brevemente possível para Portugal.
A’ saída ainda da casa de banho já’ tinha recado para telefonar urgentemente para a agencia pois o meu filho queria falar comigo. O meu filho queria-me informar que o bilhete dele já’ tinha caducado mas ele já tinha resolvido a situação dizendo ao Sr. da agencia que o Sr. Manuel Joaquim Leonardo pagaria o seu bilhete e que ele depois fazia
contas comigo .
Sem pensar duas vezes disse para o meu Victor que dissesse ao sr. que eu me responsabilizava pelo bilhete e ele como tinha ainda vaga no avião da manha seguinte seguiria para Toronto e depois Lisboa .
Quando regressaram a casa o “ H “ estava radiante com a sua Felicidade ….
Depois de jantarmos e todos muito mais calmos numa conversa suave pedir ao “H” para me mostrar os bilhetes que neste caso seriam dois , um de Vancouver Toronto e outro de Toronto para Portugal.
Nunca soube porque seria que o “H” não me deixava ver se os bilhetes estavam bem emitidos que não haveria nenhum problema que pudesse ocasionar alguma complicação extra e indesejável. Aborreceu -se dizendo que eu estava com medo que não pagasse os bilhetes e com muita ma’ vontade me entregou os bilhetes .
Ainda bem que bastante pressionei para ver os bilhetes pois estavam emitidos para Vancouver Toronto ida e volta !!! Seria de facto um grave problema se não resolvesse ainda essa noite o problema pois o avião partiria as sete horas da manha .
Eu não tinha o numero particular de nenhum funcionário da Agencia e de imediato pensei em ir ao aeroporto e contactar algum serviço que possivelmente estivesse aberto e contei toda a historia humana que era precisa resolver nessa ocasião
O preço dos bilhetes estavam correctos mas o itinerário e’ que não condiziam com o que lhe estava destinado mas sem muitas complicações foram feitos os bilhetes em ordem de seguir uma viagem acompanhada pelos serviços aéreos da companhia ate’
Portugal .
No ano seguinte como era costume fizemos ferias em Portugal e tomei conhecimento que “H” estava em tratamento , uma Senhora vivendo em Peniche o continuava a ajudar e que o seu estado clínico estava em vias de recuperação total.
De vez enquanto via-o, ele sorria para mim mas não falava comigo e sete anos se passaram entretanto.
Um dia andava a pé’ na área central de Peniche junto ao Jardim Publico quando ouvi alguém chamar , Sr. .Manuel :
Olhei ao meu redor e olhando mais atentamente pareceu-me que essa pessoa era o “H’
Era exactamente ele que me convidou para falar consigo .
Começando por pedir-me desculpa de só’ agora falar comigo disse-me que ainda se lembrava que tinha uma divida que ainda não me tinha podido pagar mas agora graças a Deus me pagaria se eu fosse contacta-lo num local que era umas pequenas casas baixas na estrada de Nossa Senhora dos Remédios antes de chegar a’ agora rotunda da Cruz das Almas . um pouco acima da casa do defunto Sr. Manuel Vidas
Chegado mais ou menos junto ao local designado perguntei se me sabiam dizer aonde morava o Sr. “H” e logo diversas pessoas me quiseram informa que ele não morava ali mas costumava estar lá’ quase os dias todos da Semana .Entrei para o que me parecia ser uma pequena cerca com talvez cerca de uma dúzia de pessoas que pareciam esperar pela sua vez para contactar alguém Quinze minutos depois apareceu-me o “H” que com um pequeno papel trazia uma direcção de um apartamento e a melhor hora para lá’ estar
para falar com ele .
No outro dia enquanto bebia um café na espera para estar na morada indicada um amigo meu disse-me ;
Então o Manuel Joaquim Leonardo ontem foi a’ Bruxa !!!…e parecia que quase toda Peniche já sabia que no dia anterior tinha estado nos escritórios da Senhora Vidente muito procurada por muita boa gente mas eu nem sequer sabia que me iria encontrar com o “H’ e a senhora Vidente na sua própria casa .
Gostei de saber que essa senhora o tinha ajudado imenso quando da sua chegada e que nessa altura parecia que viviam juntos não sei mesmo se chegaram a contrair matrimónio.
Um facto que também não posso esquecer pois ate’ acho um detalhe engraçado
Quando lhe disse o valor menor das despesas o “H” fez uma pequena reclamação
Sr. Manuel a dólar estava na altura mais baixa .
Eu respondi-lhe que aquelas contas estavam já guardadas há’ muito, tinham sete anos e não tinha acrescentado sequer juros e que ainda ficaram muitos restos por cobrar .
A Sra. vidente nessa ocasião disse para ele :
O Homem ,esta’s a brincar com o Sr. ?
Manuel Joaquim Leonardo 12/05/29 --- 24/4/14
Peniche Vancouver Canada
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