José Nicolau
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Estávamos nos meados dos anos quarenta e trabalhava eu numa pequena pensão restaurante cujo proprietario era o Sr António Borges o qual tinha um escritório no primeiro andar do prédio que ainda existe e e propriedade da Câmara de Peniche mesmo ao canto da rua no Largo do Pelourinho vulgo Largo da Câmara
Era nesse 1« andar que o Sr. António Borges fazia a escrita a diversas traineiras e já a alguns barcos de pesca artesanais mas principalmente a hora das refeicoes estava sempre observando como o serviço estava a ser feito
Uma rapariga que andava a servir as mesas adoeceu e eu já não sei como , fui falado para dar uma ajuda . O meu serviço era servir as mesas limpar e voltar a por as mesas novamente para o jantar.
A maioria dos almocreves que nessa época compravam peixe em Peniche iam quase todos la comer porque a comida era bem servida, limpa e bem apaladada
Naquelas duas horas que era servida a comida era sempre numa viva roda que todo nos girávamos por entre gritos ou berros de algum que queria comer depressa para ir para a sua venda
Antes de as mesas estarem arranjadas para o jantar havia sempre um intervalo que nos dava um pouco de descanso e enquanto a cozinheira , e as ajudantes comiam eu que comia sempre antes de começar o almoço vinha cá para a rua não só fugindo ao fumo do tabaco mas também para estar a apanhar a brisa fresca que quase sempre se sentia .
Encostado ao muro com um pequeno corrimão que salva guardava alguma queda e que servia de patamar para a entrada que ficava em plano superior a rua para onde se subia por duas escadas laterais que ainda existiam há dois anos ou mesmo este ano , não estou certo de as ver quando por ai passava para ir ao café a quina da rua que tem computadores para alugar para navegarmos na net . encostava me com o peito debruçado em cima do muro
De uma maneira geral quando elevava a vista quase sempre ia encontrar a
Gloria que se debruçava na sua varanda , observando quem por ali passava ou entrava no restaurante . Era ouvir uma saudação que parecia que não tinha fim , , adeus Gloria .... adeus Francisco . ....Adeus Gloria , adeus João ... e os cumprimentos continuavam por
longo tempo .
Gloria era filha da tia Emília Perua senhora comerciante que tinha uma moradia na parte de cima do prédio e loja muito grande no rés do chão , aonde os peixeiros arranjavam o peixe para depois levarem para venda em diversos pontos de Portugal
De estatura mediana e seca de carnes para uma rapariga dos seus 17 anos ? Gloria já naquela altura tinha a fama e o proveito de não se ficar atrás de nenhum homem em todas as diversas tarefas que lhe estavam destinadas dentro da loja dos seus familiares , por isso ela era conhecida e respeitada por todos os almocreves e negociantes de peixe de Peniche .
Já me estava a endireitar para ir por as mesas para o jantar quando por de trás de mim oiço alguém que tinha saído de dentro do restaurante em voz bastante sonante dizer ,,,
Olha o Cara Larga !!!!
Olhei e também eu que não conhecia quem se apresentava a nossa frente ainda estacionando uma moto de grande potencia , uma Norton ? e que tendo enfiada a
tiracolo e batendo lhe no peito uma maquina fotográfica que já naquela época me parecia igual as dos fotógrafos profissionais .
Vestia calca casaco que ajeitava enquanto se aproximava de nos o Cara Larga , como o Amigo o chamou ,era um homem de estatura possante sem ser
gordo , talvez para metro e oitenta de altura e uns oitenta e cinco quilos de peso.
Quem certamente teve conhecimento do cenário que de um momento para o outro se formou foi sem duvida a Gloria que la no alto tinha observado a chegada que nos nem sequer ouvimos o barulho da mota que talvez como viria a descer ate já estaria desligada .
Quando o Cara Larga subiu as escadas e chegou ao patamar parece que instintivamente relam pejou algo a janela e o outro comparsa que eu nunca cheguei a saber o seu nome disse lhe .em jeito de apresentação
E a Gloria ... e em voz baixa diz lhe , uma Mulher boa para ti
O Cara Larga olhando na direcção da Gloria levantou a voz e disse lhe boa tarde menina Gloria ao que esta virando a cara para o lado nem a salvação lhe deu .
Este Homem de nome JOSÉ NICOLAU tinha chegado a Peniche
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