domingo, 13 de fevereiro de 2011

Jose Nicolau



                                                                             

                                                                       José Nicolau
                                                                          1

                 Estávamos nos meados  dos anos quarenta  e trabalhava eu numa pequena pensão restaurante cujo proprietario era o Sr António Borges  o qual tinha um escritório no primeiro andar do prédio que ainda existe e e propriedade da Câmara de Peniche mesmo ao canto da rua no  Largo do Pelourinho vulgo Largo da Câmara
                 Era nesse 1­« andar  que o Sr. António Borges fazia a escrita a diversas traineiras e  já a  alguns barcos de pesca artesanais mas principalmente a hora das refeicoes  estava sempre observando como o serviço estava a ser feito
                 Uma rapariga que andava a servir as mesas adoeceu  e eu já não sei  como ,  fui falado para dar uma ajuda . O meu serviço era servir as mesas limpar e voltar a por as mesas novamente para o jantar.
                 A maioria dos almocreves que nessa época compravam peixe em Peniche iam quase todos la comer  porque a comida era bem servida,  limpa e bem apaladada
 Naquelas duas horas que era servida a comida era sempre numa viva roda que todo nos girávamos  por entre gritos ou berros de algum  que queria comer depressa para ir para a sua venda
                 Antes  de as mesas estarem arranjadas para o jantar havia sempre um intervalo que nos dava um pouco de descanso e enquanto a cozinheira , e as  ajudantes comiam eu que comia sempre antes de começar o almoço vinha cá para a rua não só fugindo ao fumo do tabaco mas também para  estar a apanhar a brisa fresca que quase sempre se sentia .
                Encostado ao muro  com um pequeno corrimão  que salva guardava alguma queda e que servia de patamar para a entrada que ficava em plano superior a rua  para onde se subia por duas escadas laterais que ainda  existiam há dois anos ou mesmo este ano , não estou certo de as ver quando por ai passava para ir ao café a quina da rua  que tem computadores para alugar para navegarmos na net . encostava me  com o peito debruçado em cima do muro
                De uma maneira geral quando elevava a vista quase sempre ia encontrar  a
Gloria  que se debruçava na sua varanda ,  observando  quem por ali passava ou entrava no restaurante . Era ouvir uma saudação que parecia que não tinha fim , , adeus Gloria .... adeus Francisco .  ....Adeus Gloria , adeus João ... e os cumprimentos continuavam por
longo tempo .
                Gloria era filha da tia Emília Perua  senhora comerciante que tinha uma moradia na parte de cima do prédio e loja muito grande no rés do chão , aonde os peixeiros arranjavam  o peixe para depois levarem para venda em diversos pontos de Portugal
                 De estatura mediana e seca de carnes para uma rapariga dos seus 17  anos ?  Gloria já naquela altura tinha a fama e o proveito de não se ficar atrás de nenhum homem  em todas as diversas tarefas que lhe estavam destinadas dentro da loja dos seus familiares  , por isso ela era conhecida e respeitada por todos os almocreves e negociantes de peixe de Peniche .
Já me estava a endireitar para ir por as mesas para o jantar quando por de trás de mim oiço alguém que tinha saído de dentro do restaurante em voz bastante sonante dizer ,,,
                  Olha o Cara Larga !!!!
Olhei e também eu que não conhecia quem se apresentava a nossa frente     ainda estacionando uma moto de grande potencia , uma Norton ? e que tendo enfiada a    
tiracolo   e batendo lhe no peito uma maquina fotográfica  que já naquela época   me parecia igual as dos fotógrafos profissionais   .
                 Vestia calca casaco que ajeitava enquanto se  aproximava  de nos  o Cara Larga ,  como o Amigo o chamou ,era um homem de estatura possante sem ser
gordo , talvez para metro e oitenta  de altura  e uns oitenta e cinco quilos de peso.
                 Quem certamente teve conhecimento do cenário que de um momento para o outro se formou foi sem duvida a Gloria que la no alto tinha observado a chegada que nos nem sequer ouvimos o barulho da mota que talvez como viria a descer ate já estaria desligada .
Quando o Cara Larga subiu as escadas e chegou ao patamar parece que instintivamente  relam pejou algo a janela  e o outro comparsa  que eu nunca cheguei a saber o seu nome disse lhe .em jeito de apresentação
                 E a Gloria ...    e em voz baixa diz  lhe , uma Mulher boa para ti
                 O   Cara Larga  olhando na direcção da Gloria levantou a voz e disse  lhe boa tarde menina Gloria ao que esta virando a cara para o lado nem a salvação lhe deu .

                          Este Homem de nome  JOSÉ  NICOLAU  tinha chegado a Peniche

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