Nasceu o Menino
A noite escura como breu avançava e com ela a brisa agreste da serra levantava flocos da neve que se tinham acumulado havia já umas boas semanas .
João com os seus pés enregelados calcados numa botas que já a muito tempo tinham perdido o seu formato lá ia seguindo dolorosamente , para cumprir a jornada que já há muito tempo lhe tinha sido designada que era levar todas as noites umas migas ou quaisquer quejandos ao ti José que há anos se encontrava meio paralisado com um ataque de frio que numa das noites quando o vento sibilava cortante como uma faca de corte afiado o prostrou junto a’ porta da sua velha cabana e ali ficou ao Deus dará ate que os cães do tio Alfredo e vizinhos na sua longa vigia que davam a’ volta do raro casario e as cabanas para afugentarem os linces das cercanias o foram encontrar
Enquanto um dos cães ficou junto do tio José os outros foram dar a ma’ noticia cada qual por seu lado , com o seu alarido e angustia conseguiram 'se fazer compreender pelos seus amos que foram ainda a tempo de socorrer o tio José
A partir dessa noite os pais do João comprometeram' se a ajudar , também com a boa vontade de todos para minimizar o infortúnio do vizinho ..
Na cabana de tio Alfredo e Maria’. a azafama era mais intensiva pois Maria com dores de parto , dentro de pouco tempo pensava que estaria pronta para os trabalhos
E era com uma calma resignada que Maria olhando ao seu redor pouco enxergava do algo que tanto lhe faria falta pois com todas as adversidades que em tão pouco tempo lhes tinha sucedido a si e aos seus vizinhos quase nada havia para ser socorrida ,
As poucas cabeças de gado que possuíram tinham sido dizimadas pela terrível peste que ate ultimamente tinha levado a sua cabrita que dava o leite que tanto ela iria precisar para o seu futuro rebento que próximo estava para nascer e carinhosamente apalpava as suas pequeninas maminhas que com as dificuldades de alimentação ainda pareciam mais enregeladas e pareciam que não tinham pinga de leite .
E pouco via a sua volta, ali ainda restava meio saco de farinha de centeio que daria somente para quatro ou cinco cozeduras e poucas refeições de papas . o saco das castanhas que tinha sido oferta das suas vizinhas já quase meio , pois Maria tinha somente um castanheiro que com os seus frutos ajudava o orçamento da Família e como um rei orgulhoso fazia conjuntamente com a cabana um cenário encantador .
A lenha que ainda existia também pouca dava para fazer algumas cozeduras de pão de milho .
Do pão de trigo já se tinha esquecido o tempo que tinha dado a comer a’ sua Família .
Alfredo de olhar semicerrado com uma calma extraordinária apertava suavemente as mãos da sua Mulher como esperando o que viria a seguir .
Uma trovoada seca começou a ouvir' se e as dores de Maria se acentuavam a cada minuto e de repente a luz de um raio iluminou o céu e caiu com estrondo imenso em cima do castanheiro que começou a arder .
Maria simultaneamente teve uma contracção maior , deu um ai e o Menino Nasceu ..
Pouco tempo depois Maria vendo o Menino chorando tanto, pôs'’lhe o bico da sua mama na sua rosada boquinha e ele sugando gentilmente começou a sentir a seiva da vida com que amorosamente sua Mãe extasiada o estava a alimentar .
Lá longe na falda da serra João foi também apanhado de surpresa pela horrível faísca e consequente trovão, cheio de medo correndo conforme podia ,caindo aqui levanta acolá chegou rapidamente a cabana do tio José e quando abriu a porta viu com surpresa que o ti Zé estava de pé andando embora com alguma dificuldade, pois vendo o relâmpago e o trovão tão forte saltou da enxerga e veio ate a’ porta , e reparou que mesmo mal ,conseguia andar !!!
Ao repararem que lá ao longe se via 'se algo a arder preparou-se para voltar para a casa dos pais. O tio José disse ao João que ele ouviu antes do relâmpago cair , uma estremunhada junto a cabana que deviam ser lobos e disse que não iam embora sem ver se ainda lá estava alguma coisa
E viram dois carneiros que parece que ainda mexiam .
Com duas varas fizeram um padiola puseram os carneiros em cima e de rojo as varas traseiras ,com grande esforço conseguiram chegar a casa do tio Alfredo
Ao chegarem viram logo a vizinhança que a ao ver los começaram a cantar . O Menino Nasceu , O Menino nasceu
Os vizinhos ao verem fogo pensaram em ir ajudar e levaram consigo uns pequenos sacos de castanhas as quais já estavam a comer . O forno que já estava aceso já recebia das mãos do tio Alfredo a massa de que dai a poucos momentos estaria cozida e era ver a pouca massa que cada vez que se tirava para um pão, continuava a crescer e assim mais pão entrou para encher por completo o forno .
Os vizinhos presentes começaram logo a esquartejar a carne para a assarem e assim a alegria voltou
Maria que ainda não se tinha levantado ao saber tudo o que se estava a passar , erguendo os Olhos ao céu disse :
Obrigado Senhor, O Meu Menino Nasceu !
Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada 1 de Maio de 2013
P.S.
Rebuscando no meu baú dos velhos tempos retirei esta pequena historia neste dia de 1 – de Maio de 2013 que parece não condizer com a dia festivo em Portugal ,em que quase todos os portugueses hoje saem para o campo para apanharem a espiga sagrada que com ela se faz o pão abundante nas nossas mesas …. mas como em tudo que eu faço existe um sentido plausível , mais uma vez ,algo ira’ ficar nos arquivos do fielamigodepeniche.blogspot.com , nesta data memorável para mim….e a menina nasceu ! ….
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