quarta-feira, 1 de maio de 2013

                                             


                                    Nasceu o Menino
     

A noite escura como breu avançava e com ela a brisa agreste da serra  levantava flocos da neve que se tinham acumulado  havia já   umas boas semanas .
      João com os seus pés enregelados calcados numa botas que já a muito tempo tinham perdido o seu formato   lá ia seguindo dolorosamente , para cumprir a jornada que já há muito tempo lhe tinha sido designada  que era levar todas as noites umas migas ou quaisquer quejandos ao ti José  que há anos se encontrava meio paralisado com um ataque de frio que numa das noites  quando o vento sibilava  cortante  como uma faca de corte afiado o prostrou junto a’ porta da sua velha cabana e ali ficou ao Deus dará  ate que os cães do tio Alfredo e vizinhos na sua longa vigia  que davam a’  volta do raro casario e as cabanas  para afugentarem os linces das cercanias  o foram encontrar  
Enquanto um dos cães ficou junto  do tio José os outros  foram dar a ma’ noticia cada qual por seu lado , com o seu alarido e angustia conseguiram 'se fazer compreender pelos seus amos que   foram ainda a tempo de socorrer o tio José
 A partir dessa noite os pais do João  comprometeram' se a    ajudar , também com a boa vontade de todos para minimizar o infortúnio do vizinho ..
 Na cabana de tio Alfredo e Maria’. a azafama era mais intensiva pois Maria com dores de parto  , dentro de pouco tempo pensava que estaria pronta para os trabalhos
               E era com uma calma resignada que Maria olhando ao seu redor pouco enxergava  do algo que tanto lhe faria falta pois com todas as adversidades que em tão pouco tempo lhes  tinha sucedido a si e aos seus vizinhos quase nada havia para ser socorrida ,
               As poucas cabeças de gado que possuíram tinham sido dizimadas pela terrível peste  que ate ultimamente tinha levado a sua cabrita que dava o leite que tanto ela iria precisar para o seu futuro rebento que próximo estava para nascer  e carinhosamente apalpava as suas pequeninas maminhas que com  as dificuldades  de alimentação ainda pareciam mais enregeladas e pareciam que não tinham pinga de leite .
E pouco via a sua volta, ali ainda restava meio saco  de farinha de centeio que daria somente para quatro ou cinco   cozeduras  e poucas refeições de papas . o saco das castanhas  que tinha sido oferta das suas vizinhas já quase meio , pois Maria   tinha somente um castanheiro que com os seus frutos  ajudava o orçamento da Família  e  como um rei orgulhoso  fazia  conjuntamente  com a cabana um cenário encantador  .
 A lenha que ainda existia também pouca dava para fazer algumas cozeduras de pão de milho .
Do pão de trigo já se tinha esquecido o tempo que tinha dado a comer a’ sua Família .
                  Alfredo de olhar semicerrado com uma calma  extraordinária  apertava suavemente as mãos da sua Mulher como esperando o que viria a seguir .
Uma trovoada  seca começou a ouvir' se   e as dores de Maria  se acentuavam a cada minuto e de repente a luz de um raio  iluminou o céu e caiu   com estrondo imenso em cima do castanheiro  que começou a arder .
                Maria simultaneamente  teve uma contracção maior  , deu um  ai  e o Menino Nasceu  ..
 Pouco tempo depois Maria  vendo o Menino  chorando  tanto, pôs'’lhe o bico da sua mama na sua rosada boquinha   e ele sugando gentilmente começou a sentir a seiva da vida com que amorosamente sua Mãe  extasiada  o estava a alimentar .
             Lá longe na falda da serra João foi também apanhado de surpresa  pela horrível   faísca e consequente trovão, cheio de medo correndo conforme podia ,caindo aqui levanta acolá  chegou rapidamente a cabana do tio José  e quando abriu a porta viu com surpresa que o ti Zé  estava de pé andando embora com alguma dificuldade, pois vendo o relâmpago e o trovão tão forte  saltou da enxerga e veio  ate a’ porta , e reparou que mesmo mal ,conseguia andar !!!
Ao repararem que lá ao longe se via 'se algo a arder preparou-se para voltar para a casa dos pais. O tio José disse ao João que ele ouviu antes do relâmpago cair , uma estremunhada junto a cabana que deviam ser lobos e disse que não iam embora sem ver  se ainda lá estava alguma coisa
              E viram dois carneiros que parece que ainda mexiam .
Com duas varas fizeram um padiola  puseram os carneiros em cima e de rojo as varas traseiras ,com grande esforço conseguiram chegar a casa do tio Alfredo
Ao chegarem viram logo a vizinhança que a ao ver los  começaram a cantar . O Menino Nasceu , O Menino nasceu
Os vizinhos  ao verem  fogo pensaram em ir ajudar  e  levaram consigo uns pequenos sacos de castanhas  as quais já estavam a comer . O forno que já estava aceso já recebia das mãos do tio Alfredo a massa de que dai a poucos momentos estaria cozida e era ver a pouca massa que  cada vez que se tirava   para um pão, continuava a crescer e assim  mais pão entrou para encher por completo o forno .
 Os vizinhos presentes começaram  logo a esquartejar a carne para a assarem    e assim a alegria voltou
 Maria que ainda não se tinha levantado  ao saber tudo o que se estava a passar , erguendo os Olhos ao céu  disse :
Obrigado Senhor, O Meu  Menino Nasceu !

Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada   1 de Maio de 2013

P.S.

Rebuscando no meu baú dos velhos tempos retirei esta pequena historia neste dia de  1 – de Maio  de 2013  que parece não condizer com a dia  festivo em Portugal ,em que quase todos os portugueses hoje saem para o campo para apanharem a espiga sagrada que com ela se faz  o pão   abundante nas nossas mesas ….   mas como em tudo que eu faço existe um sentido plausível , mais uma vez ,algo ira’ ficar nos arquivos do fielamigodepeniche.blogspot.com , nesta data memorável para mim….e a menina nasceu ! ….

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