quarta-feira, 17 de abril de 2013

o meu Amigo Americano nas Ilhas das Berlengas


                                                             Jaguar  Flickr 1957

                                                      O meu Amigo  Americano
                                                         nas Ilhas das Berlengas
                                                                    Final ( 3)
          Foi num carro igual a este que o meu Amigo Americano  a seu pedido por intermédio do  Doutor Fortes  se apresentou para me agradecer todo o cuidado por mim a bordo ,para lhe porpocionar  a mais   agradável possível viagem de regresso a Peniche onde foi atendido no Hospital e a seu pedido transferido para o Hospital Montepio nas Caldas da Rainha aonde permaneceu três semanas  .
          E numa tradução livre,de inglês português como o Sr. Doutor Fortes fez questão de me esclarecer  transmitiu -me textualmente  :
          O Senhor Doutor Fortes teve a amabilidade de me descrever todas as peripécias  que decorreram durante a vossa  a viagem  Peniche - Ilhas  Berlengas para me socorrerem de uma situação delicada e possivelmente mortal e ainda o que o Senhor passou durante tantas horas  sozinho na sua embarcação esperando pelo meu regresso .
Tenho grande prazer em o conhecer e agradecer- lhe  pessoalmente  . Que Deus os abençoe .

E tudo acabou em bem mas existe uns factos que talvez ate' agora ,quem me lê não os tenham conectado
entre si mas vou passar a lembrar , para ficarem mais bem esclarecidos
        Lembram -se do sr. americano que eu
 tinha vindo de propósito a Peniche para o levar para as Berlengas no meu primeiro escrito ?
 Sim era este , e apesar de o Sr. Parreira me pagar a viagem do senhor que eu supostamente deveria levar para a Ilha  , também como pessoa de bem  pagou  ao Sr. Joaquim J. o correspondente frete e todos de boa mente  ficamos amigos como antes , so' que ....
                                                                                    -------


        Naquela tarde um navio de nacionalidade grega navegando de sul para o Norte devagarinho aproximou -se do Cerro da Velha e pondo-se a'  " rola "  - desembraiando o motor ia  descaindo ao sabor da maré ou do vento - e assim levava uns poucos minutos a percorrer a distancia  ate' ao Sul da Ilha .
Chegado ao Sul da Ilha ligava o motor  a' embraiagem e devagarinho subia em direcção ao Norte ate' próximo da Ilha  Velha.
Chegado la' desembraiava os motores e novamente a' rola fazia o percurso ate' ao sul da Ilha .
        Fazendo tantas vezes esta movimentação chamou-me a' a atenção de que possivelmente algo estaria errado e por simples curiosidade , pensando que pudesse ser útil , larguei o barco da bóia e foi abordar o navio e como falava  francês para me compreenderem ,perguntei se precisavam de alguma ajuda .
 Em espanhol um dos tripulantes que estavam encostados a' amurada do navio respondeu-me que não precisavam de nada , que tinham uma pequena avaria no sistema do leme  e que a estavam a  reparar
        Perguntou-me se eu  não arranjava umas sentolas ou lagostas pagando ele dinheiro por elas .
 Respondi-lhe que os meus colegas tinham ido para fazer a venda do marisco no dia anterior mas se ele quisesse uns búzios eu  talvez os podese arranjar  e parti para ver se os conseguia.
Voltei com um pequeno balde cheio de búzios e uma ou duas sentolas pequenas
Perguntou - me o tripulante quanto custava o marisco e eu disse que como não me tinham levado dinheiro eu oferecia o marisco.
Falando numa voz que eu não pude ouvir com um colega a seu lado , mandou-me esperar.
          Dai a poucos minutos chamou-me  e  quando  acostei tinha já o meu balde com uns maços de cigarros prontos para guardar. Agradeci e fui novamente ancorar esperando pela hora de fazer o transporte dos meus passageiros.
Naquele dia, era dia de levar os sacos  com as roupas sujas para serem lavadas por lavadeiras  numa aldeia próxima  . os sacos para não ocuparem lugar no convés , eram metidos nos porões do barco tendo um ou outro de ficar em cima quando fossem em demais quantidade
           O pessoal do Sr. Parreira e' que fazia essa carga e fiquei admirado quando
vi o Sr. Parreira saltar para o barco meter-se na casa do leme e me chamou para dentro , fechando os vidros todos e a porta começou a contar uma historia .
Manuel quando o barco chegar a terra vai la' ter a guarda fiscal para verificarem de ponta a ponta o que tiver no seu barco !!! foi denunciado que estava a meter contrabando !!! tenha cuidado que se calhar não precisa de trabalhos desses.
Atónito ainda, agradeci o aviso mas disse ao Sr. Parreira que não tinha contrabando nenhum que ele podia estar descansado e contei-lhe o que se tinha  passado
Sr. Parreira gostaria de saber se fosse possível quem me denunciou e como ele tinha tido conhecimento.
         Naquela época as comunicacoes  para a ilha ja' poderiam se feitas  via telefone mas  os particulares so' as poderiam fazer em ocasião de grande necessidade  e de uma maneira quase geral os pescadores eram autorizados . Naquela tarde o pescador sr. José J... o tal que levou  no seu barquinho o meu Americano para as Berlengas ( verem o  primeiro dos três escritos desta minha historia ) foi ao farol pedir para fazer uma ligação para a guarda fiscal para falar dum assunto que precisava de tratar.
 O sr. faroleiro fez a chamada e quando ela foi atendida fez uma pequena espera antes de sair da sala aonde se encontrava o telefone. O sr. Jose' J... olhava para o faroleiro mas o faroleiro não saia dali .
Ao ver o embaraço o sr Faroleiro saiu da sala e recolhendo -se num quarto contíguo, ouviu claramente :
Olhe o Manel da Noite da Carina est a meter muito contrabando !!!  e saindo baforido e não vendo ninguém , nem agradeceu .
         A Carina estava sempre a's ordens dos faroleiro quando principalmente os seus filhos chegavam aos fins de semana das Escolas ou Colégios  aonde andavam e de vez em quando algum Familiar precisava de transporte a' tardinha .
 Dai o reconhecimento pelos favores  recebidos e como uma mão lava a outra entrou logo em comunicação com o sr. Parreira
 Naquela noite o Sr. Parreira concerteza ate' encontrou Anjos da Guarda nos seus  sonhos lindos .
         
       Chegados a' terra e depois de os passageiros desembarcados foram amandados para  terra os sacos  com as roupas para carregarem uma pequena camioneta  e um táxi que nos esperavam ,sempre vigiados por três guardas fiscais e o Sr. Sargento que assistiram desde o atracar ate' a' descarga final.
       Já tinha pedido a alguém para me desamarrarem os cabos , quando o sr, sargento  que se encontrava no cais em direcção da janela da casa do leme me disse : Mestre Manuel ainda não desamarre os cabos
 eu preciso de fazer uma busca ao seu  barco, posso fazer-la ?
 Com toda a liberdade ,  e virando-me para o meu filho mais velho que por casualidade estava no barco, disse -lhe , vai buscar aquela machada que tu sabes aonde ela esta' e da' a esses senhores se eles precisarem , só peco que aquilo que for necessário partir que depois mandem arranjar .
Entretanto  um dos agentes da autoridade já tinha metido a cabeça  dentro do leito e porão outro já tinha espreitado para a casa da maquina e muito militarmente disseram não tem nada ilegal a bordo !!! ...
O senhor Sargento agradeceu -me desejando-nos um resto de boas tardes  .
       Nunca fiz qualquer conversa com o sr. Jose' J... acerca deste assunto as nossas conversas que ja' eram triviais  continuaram na mesma .

Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada   17 de Abril de 2013



             

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