quarta-feira, 10 de abril de 2013

O meu Americano nas Ilhas das Berlengas

                                                                                                    Foto Raul Valdez

                                                                                             
                                            O meu Americano
                                                            nas Ilhas das Berlengas

                                                                                                   
            Numa das manhas de Agosto de 1962-63 tinha chegado ao cais da Fortaleza  para fazer  a descarga dos passageiros que vindos nessa manha de Lisboa mas oriundas de muitas cidades da Inglaterra todas as quartas feira chegavam a's Berlengas para usufruírem e descobrirem  os encantos das nossa ilhas numas poucas horas de permanência que eram consumidas ate' ao ultimo minuto do regresso a Peniche com uma avidez visível na satisfação dos seu rostos
          Nesse dia  Annett, a cicerone que acompanhava sempre as turistas nas suas viagens de ida e volta estava muito satisfeita com a viagem  pois como era de seu gosto , um mar de  vento de noroeste  e de maré' arrepiada ao Norte  fazia uma ondulação quase forte ate' ao remanso da Fortaleza  , situações essas que quase a faziam delirar com os seus gritinhos graciosos  dos seus dezoito anos  cheios de vida e podia-se dizer de formosura  também.
         Em contraste quase todas as senhoras - eram sempre senhoras quarentonas , nunca entre elas apareceu um elemento masculino - ao verem de vez em quando alguma surriada da agua  que lhe chegava com frequência  não se sentiam  muito confortáveis .
         Annett na sua língua transmitia-lhes  as informações  que já sabia de cor dadas por mim  e na  viagem de regresso ao continente  cantavam diversas canções  e ate se moviam sempre sentadas aos sons da musica que entoavam  algumas com uma voz  bem melodiosa  .
         O Sr. Parreira como sempre , atendia o desembarque ate' a' ultima pessoa e antes  de eu tirar a amarra de terra disse-me :
Manuel desculpe mas recebi uma chamada telefónica e tem de voltar para Peniche pois esta' a' sua espera um americano que se vem hospedar na Pousada e  se gostar será' por algumas semanas .
Ele  já tinha escrito todas as informações  necessárias para o contacto , entregou-me o papel e eu logo de seguida rumei para a  terra .


        Chegado a terra disse ao meu afilhado Saul ,  único tripulante que comigo andou sempre fazendo aquele  serviço , pois não era necessário mais alguém , que não desse o no' na amarração a' escada  pois eu subiria  e logo veria primeiro aonde seria mais confortável o Sr. Americano embarcar  .Dei uma vista de olhos abarcando toda a área abrangente ao cais  e a' primeira não vi  dos presentes próximos qual dele seria o celebre camone que teria de levar para a Ilha.   
Perto , no  cais    vi um guarda fiscal que me observando também não me disse nada e eu dirigi -me  a ele e perguntei-lhe
       Como conhecia muito bem  todos os guardas fiscais , marinheiros e cabos de mar em serviços na Capitania  ou  serviços  no Porto de Peniche pelo seu nome      , perguntei-lhe   se tinha dado fé' de algum estrangeiro  estranho por ai, e ele disse-me :
Olhe senhor Manuel tem andado por ai de facto um Sr. com o Cabo de Mar de serviço  e o José J...  que tem o barquinho  B... ,para trás e para diante mas agora não vejo um Sr. que andava ai com um carro grande que eu não sei bem a marca mas tinha um animal qualquer em cima do capou do carro, era ate muito lindo  .   
       Dai a poucos minutos vi aproximarem-se do cais o Sr. Cabo do Mar  com outro homem vestido com um fato a rigor e um pouco atrás  o Sr. José  J...que era o dono do barquinho que o Sr. Guarda Fiscal já me tinha dito  
Pensei que talvez fosse o Americano que eu teria de levar para a Pousada  e dirigindo-me ao Sr. Cabo de Mar disse-lhe   que andava a procurar um Americano que o Sr. . Parreira me tinha dito para o vir buscar para  Pousada  .
     Olhe Sr. . Manuel ,  o  José J...e' que o vai levar pois já esta' tudo combinado eu fui arranjar uma garagem para aquele Sr. deixar  ficar    o seu carro pois ele parece que vai ficar na pousada por algumas semanas  e aquele carro não pode ficar na rua , tem de estar bem guardado.
Pensando que deveria  dizer o que se estava a ao passar ao José J...  que o Sr. Parreira me tinha dito para vir buscar o Sr. americano e ele, Sr. Parreira  tinha-me de pagar a  viagem,,,  .
     Com uns modos nada agradáveis ele disse-me que quem  levava o Sr.  para as Berlengas era ele , e eu não fiz mais  nenhuma objecção , e voltei só para as Berlengas
 Assim que dobrei o Cabo Carvoeiro verifiquei que o vento de noroeste estava muito forte  e apesar da maré ir ao Sul   estava com um malhouco trapalhão que iria fazer que a viagem que apesar de não ser muito perigosa  daria para ficar de lembrança ao meu Camone .
 Porem não fui para o meu ancoradouro e só descansei quando comecei a ver o barquito do José J... -que era menos  de metade do tamanho do meu -.  a estar na mira dos meus binóculos de bordo 
Horas depois as minhas meninas apesar da nordestada ser grande fizeram uma magnifica viagem  cantando e rindo no embalar da minha garbosa Carina
 
                                                                          Continuação
                                                                   
                                                             As desditas minhas e do meu Americano                           

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