Jaguar Flickr 1957
O meu Amigo Americano
nas Ilhas das Berlengas
Final ( 3)
Foi num carro igual a este que o meu Amigo Americano a seu pedido por intermédio do Doutor Fortes se apresentou para me agradecer todo o cuidado por mim a bordo ,para lhe porpocionar a mais agradável possível viagem de regresso a Peniche onde foi atendido no Hospital e a seu pedido transferido para o Hospital Montepio nas Caldas da Rainha aonde permaneceu três semanas .
E numa tradução livre,de inglês português como o Sr. Doutor Fortes fez questão de me esclarecer transmitiu -me textualmente :
O Senhor Doutor Fortes teve a amabilidade de me descrever todas as peripécias que decorreram durante a vossa a viagem Peniche - Ilhas Berlengas para me socorrerem de uma situação delicada e possivelmente mortal e ainda o que o Senhor passou durante tantas horas sozinho na sua embarcação esperando pelo meu regresso .
Tenho grande prazer em o conhecer e agradecer- lhe pessoalmente . Que Deus os abençoe .
E tudo acabou em bem mas existe uns factos que talvez ate' agora ,quem me lê não os tenham conectado
entre si mas vou passar a lembrar , para ficarem mais bem esclarecidos
Lembram -se do sr. americano que eu
tinha vindo de propósito a Peniche para o levar para as Berlengas no meu primeiro escrito ?
Sim era este , e apesar de o Sr. Parreira me pagar a viagem do senhor que eu supostamente deveria levar para a Ilha , também como pessoa de bem pagou ao Sr. Joaquim J. o correspondente frete e todos de boa mente ficamos amigos como antes , so' que ....
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Naquela tarde um navio de nacionalidade grega navegando de sul para o Norte devagarinho aproximou -se do Cerro da Velha e pondo-se a' " rola " - desembraiando o motor ia descaindo ao sabor da maré ou do vento - e assim levava uns poucos minutos a percorrer a distancia ate' ao Sul da Ilha .
Chegado ao Sul da Ilha ligava o motor a' embraiagem e devagarinho subia em direcção ao Norte ate' próximo da Ilha Velha.
Chegado la' desembraiava os motores e novamente a' rola fazia o percurso ate' ao sul da Ilha .
Fazendo tantas vezes esta movimentação chamou-me a' a atenção de que possivelmente algo estaria errado e por simples curiosidade , pensando que pudesse ser útil , larguei o barco da bóia e foi abordar o navio e como falava francês para me compreenderem ,perguntei se precisavam de alguma ajuda .
Em espanhol um dos tripulantes que estavam encostados a' amurada do navio respondeu-me que não precisavam de nada , que tinham uma pequena avaria no sistema do leme e que a estavam a reparar
Perguntou-me se eu não arranjava umas sentolas ou lagostas pagando ele dinheiro por elas .
Respondi-lhe que os meus colegas tinham ido para fazer a venda do marisco no dia anterior mas se ele quisesse uns búzios eu talvez os podese arranjar e parti para ver se os conseguia.
Voltei com um pequeno balde cheio de búzios e uma ou duas sentolas pequenas
Perguntou - me o tripulante quanto custava o marisco e eu disse que como não me tinham levado dinheiro eu oferecia o marisco.
Falando numa voz que eu não pude ouvir com um colega a seu lado , mandou-me esperar.
Dai a poucos minutos chamou-me e quando acostei tinha já o meu balde com uns maços de cigarros prontos para guardar. Agradeci e fui novamente ancorar esperando pela hora de fazer o transporte dos meus passageiros.
Naquele dia, era dia de levar os sacos com as roupas sujas para serem lavadas por lavadeiras numa aldeia próxima . os sacos para não ocuparem lugar no convés , eram metidos nos porões do barco tendo um ou outro de ficar em cima quando fossem em demais quantidade
O pessoal do Sr. Parreira e' que fazia essa carga e fiquei admirado quando
vi o Sr. Parreira saltar para o barco meter-se na casa do leme e me chamou para dentro , fechando os vidros todos e a porta começou a contar uma historia .
Manuel quando o barco chegar a terra vai la' ter a guarda fiscal para verificarem de ponta a ponta o que tiver no seu barco !!! foi denunciado que estava a meter contrabando !!! tenha cuidado que se calhar não precisa de trabalhos desses.
Atónito ainda, agradeci o aviso mas disse ao Sr. Parreira que não tinha contrabando nenhum que ele podia estar descansado e contei-lhe o que se tinha passado
Sr. Parreira gostaria de saber se fosse possível quem me denunciou e como ele tinha tido conhecimento.
Naquela época as comunicacoes para a ilha ja' poderiam se feitas via telefone mas os particulares so' as poderiam fazer em ocasião de grande necessidade e de uma maneira quase geral os pescadores eram autorizados . Naquela tarde o pescador sr. José J... o tal que levou no seu barquinho o meu Americano para as Berlengas ( verem o primeiro dos três escritos desta minha historia ) foi ao farol pedir para fazer uma ligação para a guarda fiscal para falar dum assunto que precisava de tratar.
O sr. faroleiro fez a chamada e quando ela foi atendida fez uma pequena espera antes de sair da sala aonde se encontrava o telefone. O sr. Jose' J... olhava para o faroleiro mas o faroleiro não saia dali .
Ao ver o embaraço o sr Faroleiro saiu da sala e recolhendo -se num quarto contíguo, ouviu claramente :
Olhe o Manel da Noite da Carina est a meter muito contrabando !!! e saindo baforido e não vendo ninguém , nem agradeceu .
A Carina estava sempre a's ordens dos faroleiro quando principalmente os seus filhos chegavam aos fins de semana das Escolas ou Colégios aonde andavam e de vez em quando algum Familiar precisava de transporte a' tardinha .
Dai o reconhecimento pelos favores recebidos e como uma mão lava a outra entrou logo em comunicação com o sr. Parreira
Naquela noite o Sr. Parreira concerteza ate' encontrou Anjos da Guarda nos seus sonhos lindos .
Chegados a' terra e depois de os passageiros desembarcados foram amandados para terra os sacos com as roupas para carregarem uma pequena camioneta e um táxi que nos esperavam ,sempre vigiados por três guardas fiscais e o Sr. Sargento que assistiram desde o atracar ate' a' descarga final.
Já tinha pedido a alguém para me desamarrarem os cabos , quando o sr, sargento que se encontrava no cais em direcção da janela da casa do leme me disse : Mestre Manuel ainda não desamarre os cabos
eu preciso de fazer uma busca ao seu barco, posso fazer-la ?
Com toda a liberdade , e virando-me para o meu filho mais velho que por casualidade estava no barco, disse -lhe , vai buscar aquela machada que tu sabes aonde ela esta' e da' a esses senhores se eles precisarem , só peco que aquilo que for necessário partir que depois mandem arranjar .
Entretanto um dos agentes da autoridade já tinha metido a cabeça dentro do leito e porão outro já tinha espreitado para a casa da maquina e muito militarmente disseram não tem nada ilegal a bordo !!! ...
O senhor Sargento agradeceu -me desejando-nos um resto de boas tardes .
Nunca fiz qualquer conversa com o sr. Jose' J... acerca deste assunto as nossas conversas que ja' eram triviais continuaram na mesma .
Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada 17 de Abril de 2013
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